quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra 2013

Hoje é Dia da Consciência Negra.

Honestamente não sei se isso é bom ou ruim. Após os 300 e tantos anos de escravidão brasileira e mais de um século de discriminação de todo tipo, faz sentido ter uma data para reflexão. O que me deixa contrariado é essa afirmação de negritude que, pra mim, não faz sentido. Repito: pra mim. Faz sentido pra muita gente, mas pra mim, não. Eu sempre me considerei negro por um motivo muito simples: tenho pele negra e cabelo pixaim. Não me considero afrodescendente, mas brasileiro, com a miscigenação que o termo engloba.

A população de pardos está próxima da de brancos, que ainda são maioria, e a de negros cresceu. Confira aqui: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/09/21/numero-de-pardos-diminui-apesar-do-alto-crescimento-na-primeira-decada-do-milenio.htm.

Mas eu não confio tanto nas estatísticas, pois elas nem sempre refletem os fatos. Não há tantos brasileiros negros quanto se propala (somos apenas 8% da população), e muitos que se declaram brancos de fato não o são, pois o recenseador deve anotar a declaração da pessoa, e não a sua cor.

Não devemos esquecer nossas raízes nem ignorar as injustiças, mas devemos lembrar de quem somos. Não somos mais um país de negros e brancos, mas um país de negros, brancos, amarelos, indígenas e mestiços. Com o tempo, aparentemente, seremos cada vez mais mestiços.

Se continuarmos com essa conversa de afirmações de cor, raça, sei-lá-o-quê, vamos acabar esquecendo que somos humanos e esse é o motivo para que não haja discriminação de nenhum tipo. Não tento afirmar a minha raça, cor, credo, cultura, etc. pelo simples motivo de que acho isso desnecessário. Eu sou o que sou porque vivo num país plural. Sou negro e gosto disso. Não danço samba, não jogo capoeira, não sigo nenhuma religião de matiz africana nem como feijoada. Isso porventura me faz ser menos negro? Não. De jeito nenhum.

Negro, pra mim, é só a cor da minha pele. Eu sou brasileiro, posso ser totalmente diferente de outro brasileiro e mesmo assim continuamos sendo brasileiros. Discuto filosofia, religião e futebol. Não, não tenho que ser como me dizem que o negro deve ser. Não quero cotas raciais. Casei com uma mulher branca que tem ascendência negra, e eu sou um negro que tem ascendência branca. Não quero que me olhem pelo prisma das raças, cores, culturas. Olhem pra mim diretamente. Sou eu mesmo. Um brasileiro.